A bandeira da Polônia sobre Berlim, 1945

Lucas Rubio
4 min readMay 3, 2022

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A POLÔNIA VAI À BERLIM ABATER A BESTA NAZISTA

Há 77 anos, em 2 de Maio de 1945, Berlim se rendia. Mas estava lá, além dos soviéticos, para fincar sua bandeira sobre a cidade, o povo polonês.

É um fato muito pouco conhecido que os poloneses lutaram ativamente contra o fascismo até os últimos momentos do Terceiro Reich. Tal luta, entretanto, se deu principalmente pelos esforços dos comunistas.

Soldado polonês escoltado por soviéticos finca sua bandeira sobre Berlim.

Desde o primeiro momento da guerra, quando a Polônia foi invadida pelas forças agressoras alemãs em 1939, os comunistas organizaram uma resistência subterrânea que se operou até a vitória final de 1945. O governo polonês do pré-guerra era extremamente reacionário e, desde a Revolução Russa, tinha em sua doutrina prática o anticomunismo ferrenho, ensaiando muitas vezes movimentos com os fascistas por preterir isso aos comunistas.

Como lembra o Marechal soviético Vassily Tchuikov em suas memórias: “Quando as hordas de invasores varreram a Polônia, em 1939, ficou claro que não havia ninguém para defender os interesses do povo trabalhador, exceto as massas do próprio povo, reunidas em torno dos comunistas poloneses.”

Muitos poloneses que estavam na URSS organizaram de lá a resistência partisan contra os invasores nazistas, atuando também na reconstrução do Partido Comunista e na organização de um exército regular. Em 1943, a União dos Patriotas Poloneses, reunida na URSS, solicitou ao governo soviético ajuda para montar um exército de resistência para lutar contra os nazistas, pedido esse que foi aceito por Stalin.

Assim foram formadas as primeiras brigadas e divisões que seriam reunidas no Exército Popular Polonês, embrião das futuras forças armadas da Polônia. Elas foram armadas pelos soviéticos e começaram a atuar junto ao Exército Vermelho quando da chegada deste ao território polonês durante a marcha para Berlim, engrossando suas fileiras e participando da libertação de muitas áreas.

O caminho para Berlim. O Exército do Povo Polonês foi armado com os T-34/85, os melhores tanques médios soviéticos da guerra.

Quando os soviéticos começaram o assalto à Berlim em meados de abril de 1945, o 1º Exército Polonês lá estava com um impressionante efetivo de 200 mil homens, sedentos para destruir a força que havia pisoteado sua nação. De todos os embates que se envolveram nesse ataque, os poloneses ficaram conhecidos pela luta pesada no jardim zoológico de Berlim.

Em 1º de Maio de 1945, bem no Dia do Trabalhador, o Exército Popular Polonês ergueu sua bandeira branca e vermelha ao lado da bandeira da URSS em vários pontos de Berlim, incluindo o icônico Portão de Brandemburgo. É lá que foi tirada uma histórica foto das bandeiras lado a lado.

Bandeiras da URSS e da Polônia lado a lado nos Portões de Brandemburgo.
Soldados poloneses fincam sua bandeira sobre Berlim.

A Polônia foi um dos países mais massacrados na guerra e que, mesmo sob grandes dificuldades, conseguiu organizar uma guerrilha partisan mesmo no auge da ocupação nazista e depois ainda conseguiu montar um Exército com centenas de milhares de soldados para ajudar na libertação de sua nação e de toda a Europa.

Após a guerra, no processo de restauração da soberania nacional da Polônia, ficou evidente para todo o povo que os comunistas eram os maiores responsáveis diretos pela libertação e recuperação da dignidade nacional. O governo polonês no exílio, que estava baseado em Londres e controlava o Armia Krajowa (que também montou uma resistência armada, mas representando o governo reacionário) quase nada havia feito de efetivo para libertar a Polônia e representava em si o atraso que faria o país voltar para as relações do pré-guerra com seus vizinhos. Assim, os comunistas venceram as eleições nacionais e os elementos reacionários foram gradativamente sendo esquecidos.

O alto prestígio dos comunistas poloneses, que conseguiram lutar contra o fascismo mesmo sob péssimas condições históricas, garantiu a vitória política depois da guerra

A Polônia, inclusive, constitui um caso interessante do ponto de vista simbólico — seus emblemas nacionais, como medalhas, ordens, brasões e costumes militares e civis continuaram praticamente intocados, sendo removidos apenas os pequenos detalhes que faziam alusões às monarquias antepassadas, como as coroas na cabeça das águias. A águia branca, símbolo dos poloneses, bem como a bandeira bicolor, lá continuou.

Na grande Batalha de Berlim, o povo polonês esteve e fincou suas bandeiras e seus nomes para sempre na história. Infelizmente, hoje em dia, essa memória está praticamente perdida na própria Polônia. Então, é nosso dever sempre levar adiante a história do povo trabalhador polonês que nas matas e nas trincheiras eliminou o fascismo em 1945.

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Lucas Rubio

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